viernes, 8 de abril de 2011

DE QUATRO A QUATRO

Chamo-me Fátima e nasci en Casablanca.

Há quatro anos que moro em Talavera. O meu pai montou aquí umha loja de comestíveis.

Tenho oito anos.

Isto quer dizer que levo meia vida num sítio e meia vida noutro. A partes iguais. A minha irmá, que tem dez anos, passou dous mais ca mim em Marrocos. Ela diz que por culpa de eu ter oito anos nom se pode saber ainda de onde sou. Diz também que está claríssimo que ela, papá e mamá som marroquinos, pero que para estar certos de qual é a minha pátria teremos que esperar a ver que fazemos o ano que vem.

Segundo ela, a minha situaçom é mais complicada do que a primeira vista pode parecer: estou ao 50% no que a gentílico se refere. (Em quarto curso aprendem-se muitas palavras novas). Explicou-me que para decidirmo-nos sobre o meu estado, cumpre agardar e nom precipitarmo-nos. Que se, poñamos por exemplo, o próximo ano marchamos para outro lugar, manterei este 50% de incerteza durante quatro anos. Como mínimo! O pior foi o que engadiu:

“De mudarmo-nos e ficarmos apenas quatro anos exactos no lugar novo, passaria umha cousa gravíssima: converterías-te num enigma gentílico triplo. Alá nom quixer!”

Desde entom ando sem acougo. A ela vejo-a tranquila porque sabe que ainda quando isso passar, seguirá a ser marroquina.

Co meu pai nom falei deste tema por agora; mais umha vez, sem vir ao caso, disse-me moi calmo:

“Fiz bem em te chamar Fátima e nom Omayma, caso de decidires ser toledana”.

2 comentarios:

  1. A pluralidade é un descubrimento, unha fortuna de valor incalculable; mais sen raíz non pode florecer. A raíz proporciona un punto de referencia: é un compás.

    O compás de navegación de Manuel Antonio.

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  2. En efecto, la evolución no descansa...es como la sombra que nos guía silenciosa. Sólo puedo ser optimista con el futuro cercano.

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